segunda-feira, 25 de junho de 2007

Comida e preconceito



Nas noites de domingo geralmente fazemos um lanche em família. Como havíamos ido à Casa Santa Luzia (um supermercado gourmet) no sábado, ontem tínhamos uma grande variedade de gostosuras para o lanche.

Ao terminar de arrumar a mesa me dei conta que havia iguarias de várias partes do mundo em nossa mesa. Apesar de nem tudo ser importado, a origem dos produtos nos remetia a diferentes países e culturas. Tínhamos salame italiano, lombo defumado alemão, queijo de cabra americano, patê de foie francês, pão sírio, queijo minas e prato bem brasileiros, alface e a salada de feijão fradinho do post anterior. Além dos meus maravilhosos azulejos portugueses.



Fiquei pensando que o mundo anda tão intolerante. Pessoas têm levantado armas porque outras não tem a mesma religião, a mesma cor, a mesma origem, a mesma opinião política ou a mesma classe social que elas. Matar e morrer por essas diferenças tem se tornado banal. Já quase não se lamenta essa situação, apenas se conta o número de vidas perdidas.

Naquele momento vislumbrei que a comida nos aproxima. Todos temos que comer para viver mas, diferentemente dos animais, a comida para nós, humanos, está intimamente relacionada com a cultura. Não sei se é só um devaneio meu mas parece-me que não é estapafúrdio pensar que para os radicais o outro pode até ser meio "esquisito" mas aquela comidinha na mesa dele bem que deve ser saborosa.

Creio mesmo que a culinária, com seus apelos que nós conhecemos tão bem, pode mudar um pouco essa situação tão preconceituosa em que estamos inseridos. Será que há preconceito que resista a um chocolate, a uma kafta, a um faláfel, a um couscous, a um bacalhau, a uma feijoada, a um hambúrguer, a um fondue, a um sushi, a um risoto... Acho que cada um pode dar continuidade a esta lista que é tão grande quanto a diversidade humana.

Coloco-me aqui contra o radicalismo e o preconceito. Acho que a mesa pode ser uma grande oportunidade de ensinarmos às crianças o valor e as delícias que as diferenças têm. Esta luta é nossa. Lutemos com a arma que temos, nossa dedicação à culinária. Um beijo carinhoso.

23 comentários:

Gourmandisebrasil disse...

Concordo plenamente, um pouco mais de amor no mundo consertaria muita coisa.
bjo,
Nina.

Heidi disse...

Pura verdade Claudia!!!
E que mesa Linda...
Abraços.

Barbara disse...

Mandou muito bem Claudíssima! Imagine todos nós unidos pela comida, seria extraordinário! Um beijo e boa semana.

www.trivialfenomenal.zip.net

Gourmandisebrasil disse...

O último restaurante coreano que fui fica na Rua Silva Pinto, 442 - Bom Retio, tel32213137 (não sei o nome). Acho que este é o mais fiel à cozinha coreana ( e barato).
Tem um que fica na Liberdade, chamado Korea House (Rua Galvão Bueno,43 - próximo ao metrô Liberdade). (não é caro)
Tem um na Aclimãção chamado Cho Sun OK (Avenida Aclimação, 502 - tel32719621) - este é o mais caro.
No Morumbi, tem o Hongané (Avenida Morumbi, 6774 - tel37580502).

Fer Guimaraes Rosa disse...

nem fala! o mundo esta ficando cada vez mais pequeno e quem teimar em ficar bitolado em guetos so tem a perder. antes, era tao dificil poder experimentar iguarias de outras culturas, tinha-se que viajar, pegar avioes, navios. hoje temos tudo o que quisermos no mercadinho da esquina e temos que aproveitar essa vantagem.

lanche delicioso, azulejos maravilhosos! :-))

beijoo,

Cláudia disse...

Belo texto, temos que ensinar nossas crianças a conviverem com as diferenças e a culinária é um dos caminhos, sem dúvida. Além de deixarmos claro nossos pensamentos frente à notícias que mostram a intolerância e os preconceitos,e estar sempre ensinando a elas que o amor de Cristo é para todos e que devemos imitá-lo, pelo menos tentarmos. Porque a primeira lição de amor ao próximo é a tolerência.

Linda mesa e muita Paz!

bjs

Natércia Ramalho disse...

Cláudia maravilha de texto muito lindo,eu penço da mesma maneira como o mundo era bem melhor.um bjs Natércia...

Patricia Scarpin disse...

Adorei seu post e assino embaixo, Clau - tanta coisa boa no mundo e o povo brigando por cada coisa besta...

Agdah disse...

Menina, nem fale. Sua mesa estava bem ao estilo Nações Unidas. Adorei os azulejos também.

laila radice disse...

Claudia apoiadissima! o povo se restringe tanto com esses preconceitos bobos, é muito feio isso!adorei o post e o lanche devia estar incrivel com tanta coisa boa! bjos e uma linda semana!

Anônimo disse...

Acho que já disseram tudo mas renovo: concordo plenamente.
As delícias dessa mesa também me merecem um enorme aplauso.

Célia disse...

uma mesa muito apelativa, já comia un pedaçinho de queijo.

Elaine disse...

Bela reflexão!

Anônimo disse...

É Isso mesmo Cláudia,tem toda a razão!
Que lanche delicioso heim?!Me deu saudades da Casa Santa Luzia,quando morava em SP adorava passar por lá nos fins de semana.
Agora só nas férias quando vou visitar a família é que mato as saudades.Beijo

Eli disse...

Cláudia que mesa linda que post bonito,você tem total razão em tudo que falou!

Anônimo disse...

Claudia, assino embaixo sem pestanejar. Acho que as pessoas precisam de mais amor para serem felizes. A culinária certamente nos aproxima e deixa o mundo mais contente (inclusive nós blogueiras que podemos ficar amigas virtualmente e quem sabe um dia nos encontrarmos).
Um beijo!


www.mangiachetefabene.wordpress.com

Akemi disse...

Fiquei babando com a mesa cheia de coisas gostosas e bonitas! É verdade que toda vez que assistimos aos noticiários nos perguntamos pra quê tanta guerra? Lindo e reflexivo post, amiga!

Elvira disse...

Que belo texto, Cláudia! Dá para meditar... :-)

Cinara disse...

Concordo em gênero, número e grau, Clau! E você me deixou ainda com mais vontade de conhecer a Casa Santa Luzia, que ainda não conheço! Parabéns pela linda mesa e pelo post inspirado... Bjs!

Lua Limaverde disse...

Arrasou no texto, nas fotos e nos azulejos! :)

Lídia Lopes disse...

Tem toda a razão Cláudia! Muita gente tem preconceito porque desconhece. Grande parte do preconceito é fruto da ignorância.
Seria óptimo uma maior abertura por parte das pessoas, uma disponibilidade para "provar" e aprender.
Beijos.

Anônimo disse...

E verdade, o que colocamos na nossa mesa pode ser uma pequena lição que podemos ensinar no nosso dia a dia. No meu caso, eu sou Portuguesa, casada com um Português, filho de pais Cabo-Verdianos e já passámos por muito preconceito, infelizmente... Tudo seria muito melhor se nós como pessoas soubéssemos respeitar as diferenças de cada um, porque ninguém é igual.
Bjinhos ;)

Diogo disse...

Pára tudo que eu quero descer!!!

Essas fotos tão de revista...

Um beijão, Diogo